Fábulas IX (O Camelô Acamelado)

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Infeliz? Infeliz, onde todo mundo quer ser diferente, ele queria apenas ser igual. Pois o destino o fizera corcunda. E assim, toda sua vida ele a passara consciente de que jamais o aceitariam como um verdadeiro par no reino dos homens. Todos lisos, ele ondulado.

Quando arranjava uma namorada, ela, num gesto bem humano, passava-lhe a mão nas costas e, mais cedo ou mais tarde – em geral mais cedo – o rejeitava. O mundo é, definitivamente, dos chatos. Sentindo-se envelhecer sem encontrar uma pessoa que realmente o amasse, ele, um dia, teve uma idéia genial.

Procurou a Camela, rainha do deserto. Disse-lhe: “Vê? Sou assim. Portanto pertenço um pouco a sua espécie. Não haverá, por acaso, aí, uma camelinha bonitinha que queira casar comigo?” A cara da rainha do deserto abriu-se: “Tenho, como não! Por acaso uma sobrinha minha. Quer casar de qualquer maneira. Mas o senhor, como marido, terá que ter um pouco de paciência com ela porque é bastante complexada. Nasceu sem corcova”.

MORAL: OS CÃES PASSAM E A CARAVANA LADRA.

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